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terça-feira, 27 de junho de 2006

“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”

Se agirmos movidos pelo lado cristão, deveremos então seguir os ensinamentos de Deus através de seus mandamentos, respeitando a princípio, o primeiro deles que é “Amarás a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo”. No entanto, como cidadãos, com direitos e deveres, devemos exigir que a Constituição Federal de 1988, seja respeitada e seguida, como trata no segundo capítulo sobre os direitos da coletividade, ao citar que “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança social, a proteção à maternidade e à infância e, a assistência aos desamparados”.
E sensibilizada pelo primeiro mandamento de Deus e no direito à saúde, assisti na noite da última sexta-feira, uma mãe jovem, de apenas 22 anos, levando nos braços para a cidade de Belo Horizonte a única filha em busca de tratamento para um cisto cerebral e o problema nos rins, descobertos há três meses.
Mais que uma mãe, Juliana Batista Barbosa é mais uma que sofre com o descaso da saúde municipal em Campos, que mesmo tendo como prefeito um conceituado médico, ainda assim, não consegue diagnosticar e tratar a doença que se alastra por um sistema falido, inoperante e omisso.
Há 11 meses, nascia Luciana, mas ninguém um dia poderia prever que o destino lhe guardara um caminho tão árduo, difícil e doloroso, tendo que – mesmo nascido com saúde -, lutar por sua sobrevivência e desde cedo, conhecer dores que muitos adultos jamais poderão imaginar. Aos oito meses, Juliana começou a perceber alguns distúrbios em sua filha, que a levaram até os hospitais de Campos. Contudo, em nenhum deles obteve esperança em poder ver sua filha curada, sadia e vivendo como uma criança normal. Os inúmeros médicos procurados, entre pediatras e neurologistas, se incumbiam apenas em desenganar uma mãe desesperada que buscava a salvação para sua filha.
Não satisfeita com a resposta dos médicos e fortalecida por sua fé, Juliana procurou saber qual era o hospital mais próximo que poderia atender sua filha e tratá-la com o mínimo de dignidade. No momento certo, foi informada de que em Belo Horizonte, o CGP, que fica na Avenida Alameda Ezequiel Dias, no centro da cidade mineira, fazia tratamentos como os que Luciana precisava. Começava ai, mais uma fase difícil para a família, pela falta de recursos financeiros para custear passagens, alimentação, remédios e ainda pagar as contas da casa.
Nascidos em Campo Novo, quatro distrito de Campos, Juliana e o marido, Luciano de Oliveira Alves, de 24 anos, foram em busca dos direitos da pequena Luciana e, incontáveis vezes, buscaram na secretaria municipal de Saúde recursos para poder levar a criança para Belo Horizonte, onde iniciaria os tratamentos. Foram idas e vindas sem sucesso, mas isso não fez com que a mãe desanimasse. Pediu ajuda e conseguiu com amigos o dinheiro da passagem que, segundo Juliana, “não foi dado pela prefeitura por falta de verba na Saúde”.
Em Belo Horizonte, em um hospital público e sem custo algum, os médicos avaliaram o caso de Luciana e constataram o cisto cerebral, que pode ser removido e tratado com sucesso por meio de uma delicada cirurgia e, quanto aos cálculos no canal da uretra, estão sendo tratados a base de medicamentos. Na lista de remédios, o Gadernal em gotas é uma rotina na vida da neném, no entanto, nem mesmo um remédio tão forte consegue amenizar as dores que se transformam em crises.
De seus olhos não saem lágrimas e ela não grita quando sente dor, mas seu pequeno corpo se contorce por inteiro e com as mãozinhas, puxa os poucos cabelos que tem como se acreditasse que aquele movimento pudesse acabar com todo o sofrimento que vem passando.