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domingo, 10 de janeiro de 2010

“Um bom casamento teria uma mulher cega e um homem surdo”. Montaigne

Encontrei esse pensamento numa pesquisa sobre traição nos relacionamentos e acredito ser a receita ideal para uma relação de insucessos. A mulher cega talvez para não enxergar as traições do marido e o homem surdo, para não ouvir as lamentações e choros da esposa quando descobre ser mais uma vítima da infidelidade masculina.
Na verdade, as pessoas traem quando não vêem satisfeitos os seus desejos ou suas expectativas com o parceiro, quando o diálogo entre o casal já não existe mais, transferindo essa comunicação para outra pessoa, optando por uma saída aparentemente mais fácil.
Excluem, por vários motivos, a possibilidade de aceitar o outro como ele é e não de que ele seja aquele que desejamos. Aliás, um desejo que jamais será satisfeito.
Ao invés de tentar crescer com seu parceiro, passam a acreditar que só terão alegrias, emoções e crescimento fora do casamento.
Existem muitas razões para a traição, entre elas: questões culturais, a busca pelo novo, carências, insatisfação, vingança, por causa da sensação de perigo ou mesmo pela sensação de poder...
A idéia de posse existe em quase todas as relações estáveis e as cobranças de fidelidade são normais e aceitas pela sociedade. Na verdade, a sociedade é a primeira a recriminar e normalmente, os seres humanos tentam viver de acordo com suas regras de conduta.
Quando o relacionamento se torna rotineiro, monótono, é claro que a emoção desaparece. Afinal de contas, qual ser humano consegue viver sem emoção?
Ceder é a palavra de ordem em qualquer relacionamento, mas muitas vezes gera pessoas insatisfeitas, ressentidas e arrependidas do que nunca fizeram e isto acaba abrindo uma porta para a traição, a buscar em outra pessoa aquilo que reprimimos por muito tempo em nossa relação. De qualquer forma, a infidelidade é um acontecimento muito mais suportável do que a separação.
Os homens idealizam a mulher perfeita e as mulheres, um homem que as apóie a as ajude, confundindo o casamento com felicidade. Reinvindica-se muito do outro, criando frustrações e abrindo, assim, o caminho para a infidelidade.
Em nossa sociedade patriarcal e machista, os homens são educados para não desperdiçarem nenhuma “oportunidade” de demonstrar sua masculinidade e sexualidade, além da traição masculina ser melhor aceita do que a feminina.
As mulheres parecem aceitar melhor a traição de seu parceiro, adotando até mesmo a postura de mãe compreensiva. Já os homens traídos, fazem o possível para fingir que não sabem, porque se souberem terão que tomar uma atitude perante a sociedade, que aceita muito melhor a traição masculina do que a feminina.
No entanto, uma coisa é certa: a menos que a relação seja totalmente destituída de sentimentos, é muito difícil suportar a infidelidade. Só mesmo quem passou por uma para saber.
Há casos em que a traição ocorre apenas para comprovar ou não a existência de amor pelo parceiro e são experiências fortuitas e ocasionais. Mas quando a infidelidade torna-se uma constante e serve como uma muleta para a manutenção de um relacionamento - buscando-se lá fora a complementação do que não se tem dentro de casa -, é hora de parar e refletir seriamente sobre seus ideais de vida e de relacionamento.
Há poucos dias, uma amiga foi procurada por um ex-namorado que ela ainda amava, apesar de tanto tempo afastados. No contato, descobriu que o homem que dizia amá-la, mesmo à distância, havia casado, mas este mesmo infeliz, lhe propôs um encontro quando ela perguntou: “Você casou mesmo?”. Ele cinicamente respondeu: “Isto é fato, mas não quer dizer que estejamos mortos”. Ela retrucou: “Mas porque casou então?”. Ele quis dar uma boa resposta: “Porque percebi ser a hora”. Ela então finalizou: “Você pode ter percebido ser a hora certa, mas deve ter se esquecido de ver se foi com a pessoa certa, para não precisar magoá-la, traí-la e fazê-la infeliz depois”.