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quarta-feira, 7 de março de 2007

"Eu quero uma casa no campo"


"Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
e nada mais".

sábado, 3 de março de 2007

Que direito tem, se você vendeu seu voto?



Não acredito, quando o seu espírito é solidário e no mínimo, humano, que seja bom assistir de camarote as mazelas vividas pelo povo. No entanto, na noite de sexta-feira, me senti aliviada e consegui dormir tranqüilamente depois de ver as pessoas do bairro onde moro se indignarem com a inércia do poder público municipal diante das verdadeiras crateras formadas naquilo que chamamos de ruas.
Um grupo espalhou pneus na RJ-216, na Campos-Farol e colocou fogo, impedindo que o trânsito fluísse na rodovia estadual e obrigando as pessoas que estavam a caminho da praia campista para o show de Zeca Pagodinho, cujo valor estimado foi de R$ 180 mil, conhecessem a realidade de um dos bairros municipais, onde a população paga rigorosamente em dia seus impostos e para o qual, a prefeitura virou as costas.
Descontentes com os governantes, demonstraram através de um sentimento de cólera, a insatisfação e, de certa forma, o arrependimento em ter compactuado ao eleger políticos que nunca se preocuparam com as necessidades de sua população.
A ignorância cega e não deixa conhecer como verdadeira é a corrupção. Se muitos dos que hoje vivem dentro d´água, com casas alagadas, que passam necessidades, não conseguem bolsa de estudos para os filhos e vivem outras formas de indiferença, tivessem percebido na época eleitoral que o candidato que queria comprar seu voto, desejava apenas corrompê-lo, não estaríamos passando por tanta privação. E se ele quis corrompê-lo, meu querido amigo, é porque ele é uma pessoa corruptível. Cedo ou tarde, se corrompe no seu mandato. Provavelmente mais cedo do que tarde.
Para quem pensa que isso não influencia em sua vida e acaba vendendo o único instrumento de cidadania que possui, basta ver que aqueles que compraram seu voto por meros R$ 50, são os que hoje legislam em causa própria. Seja essa causa diretamente ligada ao sujeito eleito, seja ligada a alguém que este queira favorecer.
Os carros passaram pela minha rua, também esburacada. Mas o engraçado era ver pessoas que participaram da compra e venda de votos nas últimas eleições, colocando fogo nos pneus ou participando da manifestação. O certo, para quem não comunga da mesma sujeira no crime da compra de votos, é ir pra frente da casa desses que venderem nossos direitos e exigir deles um posicionamento, afinal de contas, eles nunca terão o direito de reclamar, pois o único direito que possuíam, abriram mão ao vender por qualquer nota de R$ 20 ou R$ 50.
O povo tem que aprender, mesmo que através das necessidades e tristezas, que se você vende seu voto, você vende a sua cidadania. E cidadania não se vende, se exerce. Se você vende o seu voto, você vende o seu direito de escolha. E direito de escolha não se vende, se exercita com a consciência da responsabilidade social. É sempre pensando em solidariedade que me apresento em todas as eleições para votar. Este, penso eu, deveria ser o sentimento de todos. Votar para melhorar a sociedade em que vivemos e convivemos.