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sexta-feira, 4 de agosto de 2006

"Cuidado boquinha com o que fala!"


Uma noite com ar de especial, sessão solene e salão da Câmara Municipal de Vereadores de Campos lotado. Talvez em uma das raras noites em que a casa tivesse registrado a presença de todos os seus ilustres membros, no entanto, os mesmos estavam ali para homenagear importantes personalidades e profissionais de destaque em suas diversificadas funções.
Atrasada alguns minutos para o início da sessão, tive que acompanhar as homenagens de pé, ao lado de meus familiares, até que conseguimos ter acesso a parte interna do salão, mas era notório que o espaço já não comportava mais ninguém. Ainda assim, mais pessoas chegavam para prestigiar a solenidade.
Não sei definir o que é melhor entre observar e ser observado. No entanto, quando você tem a possibilidade de olhar de fora uma situação, ela se torna mais interessante. Alguns estavam ali para aplaudir amigos, prestigiar parentes e outros para “puxar o saco”, porque essa categoria de gente é igual a tiririca – tem em qualquer lugar. Ah! E tem também o que vai para bisbilhotar, espalhar seu veneno e deixar claro a “dor de cotovelo”, ou melhor, o recalque por ter seus sentimentos e desejos reprimidos.
Sempre escutei, desde criança - afinal, educação vem de berço -, que devemos respeitar as pessoas e, principalmente, o ambiente, guardando para si todo e qualquer comentário, mesmo porque, posso falar o que quiser, desde que eu garanta a firmeza necessária para ouvir depois.
No momento em que meu nome fora citado para receber a Ordem do Mérito Dr. Mário Ferraz Sampaio, conferido exclusivamente aos profissionais da área de comunicação, por reconhecimento notório dos feitos e trabalhos realizados em seu âmbito profissional, uma pessoa da família ficara observando enquanto eu caminhava para obter a homenagem.
No público presente, uma pessoa se mostrava surpresa, quer dizer, perplexa. Afinal de contas, poderia esperar surpresa ou admiração de um amigo, mas deste cidadão, não poderia haver outra manifestação que não fosse a de espanto. Contudo, não era o fato de estar recebendo a homenagem que o deixara atônito, porque ele conhece meu trabalho. O que o incomodava era ver ali alguém que defende o direito dos cidadãos, alguém que não está nem um pouco preocupada com status ou posição social quando se vive em uma cidade aonde tem gente morrendo sem que ao menos saibamos o motivo. Isso sim incomodou meu colega de profissão, que não parava de dizer: “Mas ela é Garotinho! Eu conheço ela!”.
Gostaria de esclarecer ao querido amigo que, quando se é preocupado com as causas sociais e não apenas com o volume de notas do dinheiro público que entra no bolso de muitos funcionários ou cargos de confiança da Prefeitura de Campos, não existe uma bandeira, uma sigla política ou preço que pague o dever que um profissional de comunicação exerce no exercício de sua função, que é o de informar com imparcialidade.
Portanto, só realmente sabe dar o devido valor ao povo aquele que vem e que convive diariamente com a população, reconhecendo suas necessidades, suas carências, o descaso do poder público do qual são vítimas, dos enganos que sofrem pela ignorância e por ainda se deixar levar pela politicagem, pela política mesquinha, estreita, que serve apenas para beneficiar alguns gatos pingados, engordando suas contas bancárias e aumentando a quantidade de seus patrimônios.
Assim sendo, querido amigo, não acredito que o pré-conceito, neste caso, tenha algum sentido, afinal, ninguém deixa de falar com fulano porque ele é homossexual, ou deixa de andar com beltrano porque compartilha dos mesmos ideais de cicrano. Pense bem nisso e, quando for tecer qualquer tipo de comentário que não consiga caber apenas em sua boca, talvez pela dimensão ou pela própria tendência em ser mexeriqueiro, avalie duas vezes, porque “quem fala o que quer, acaba ouvindo - e até mesmo lendo -, o que não quer”.

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