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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Os suspeitos de sempre

No dia 17 de setmbro de 2007, completou dois meses desde o acidente com o avião da TAM. Como disse o piadista, morreram 199 pessoas e ninguém foi responsabilizado. A companhia aérea disse que não era com ela. O povo que administra o Aeroporto de Congonhas, fingiu que não viu; está preocupado com as lindas lojas locais. A Infraero saiu assobiando e contou uma outra história antiga. A Anac, apesar das demissões, também não tem nada a ver com isso. A Airbus - fabricante do avião -, emitiu nota na qual dizia que a aeronave estava perfeita (na maior cara-de-pau), porque a tal da turbina estava com problemas e dois outros aviões, lá no oriente, tinham passado pelo mesmo tipo de acidente. Por fim, foi preso o dono da casa de meretrício. E é claro que tudo isso já aconteceu antes.
No final do filme Casablanca - uma das maiores histórias em todos os tempos -, num aeroporto chuvoso e sombrio, o oficial alemão major Strasser tenta impedir a fuga de Ilsa (Ingrid Bergman) e seu marido, Vitor Lazslo (Paul Henreid), líder da resistência contra o nazismo na Europa. Lembre-se, este caso ocorria no ano de 1942. Rick (Humphrey Bogart), dono do bar, atira e mata Strasser. Ilsa e Vitor fogem para Lisboa. Rick fala então ao delegado da cidade, Captain Renault (Claude Reins): “E agora, vai me denunciar?”. Renault responde sem pestanejar: “Round up the usual suspects”, ou seja, “vou mandar prender e interrogar os suspeitos de sempre”. Ou seja, as leis que protegem as elites passam pela prisão de coitados, vagabundos, cafetões e ladrões baratos, mas só em dois lugares, num filme fictício, e no Brasil.
Mais do que fazer justiça, por causa dos filhos, pais, parentes e amigos em geral dos que morreram e estão aí sofrendo, era fundamental descobrir, julgar e condenar os culpados para que isso não ocorra novamente. Mas como isto é Brasil, vai ocorrer outra vez e ninguém será responsabilizado, exceto os suspeitos de sempre.
Um bom exemplo foi dado pela empresa Supervia, aquela que administra e explora os serviços ferroviários suburbanos no Rio de Janeiro. No dia daquele acidente entre dois trens, há menos de um mês, o presidente da companhia esteve presente no local, deu total assistência aos feridos e aos parentes dos mortos e afirmou que iria encontrar falhas e culpados o mais rápido possível. Na mesma semana ele assumiu que a culpa era da Supervia e dias após, ele, depois de ouvir os técnicos e peritos, demitiu os dois maquinistas dos trens. Sem firulas, sem sacanagens, sem protecionismo e ponto final.
Duvido que a TAM (ou a Infraero, ou a Airbus, ou ainda a Anac) assuma os seus erros de uma forma tão clara e justa como fez o dono dos trens. Eles podem prender os suspeitos de sempre, no caso, um cafetão.

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