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segunda-feira, 22 de maio de 2017

À espera do carteiro

Pode parecer que foi em outra vida, mas há apenas alguns anos o serviço de correio era muito mais do que entrega de mercadorias e contas a se pagar. Ao carteiro também cabia a tarefa de trazer notícias da família, cartões postais de amigos em viagem, fotografias de recém-nascidos, juras de amor entre casais distantes, votos de felicidade, convites de casamento.
Era como se anos perdidos me fossem devolvidos.  Vivi uma sensação boa. Alegre como os desenhos feitos no papel de caderno que a Sabrina Reis enviava de Porto Alegre para mim. Doces como as letras das canções que a Maiara Carolina copiava das revistinhas (na era pré-You Tube e Vaga Lume) e enviava de Itajaí à terra natal, imaginando que eu ficaria contente em receber – e como eu ficava.Quando o despertador soou, nesta manhã, eu sonhava com esse tempo bom. Era um tempo em que eu ainda recebia cartas. Por algum motivo justo – do qual não consegui lembrar quando acordei – várias destas correspondências haviam acumulado e as recebi somente anos depois. Eu estava feliz por receber notícias de amigas que não vejo há anos, sorria aliviada pelas lembranças recuperadas.
Admito que o e-mail, o telefone, as redes sociais hoje combinem bem mais com nossa vida atribulada e cada vez mais corrida. Mas a tecnologia ainda não foi capaz de substituir a emoção de receber a velha cartinha escrita à mão, com letra caprichada, ilustrada com adesivos e desenhos de canetinha e lápis de cor.
O fato é que lamentei quando o despertador tocou me trazendo de volta para nossa realidade de aplicativos e emoções descartáveis. Senti certa pena de nossos jovens, tão seduzidos pelos aparatos tecnológicos, tão escravos da novidade, tão ignorantes dos prazeres desse tempo que passou e que, infelizmente, já foi esquecido.
Será que eu sou a única pessoa nesse mundo que ainda sente falta desses pequenos deleites? Seria eu, uma adulta-nostálgica- infantilizada?
Talvez sim.

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